20ª edição dos Motores do Desenvolvimento discute desafios do Comércio, dos Serviços e do Turismo no estado
Seminário, do qual o Sistema Fecomércio é co-realizador, trouxe
a Natal nomes como Guilherme Afif, Luiza Trajano, Alexandre Sampaio e
Alysson Paollineli
O Sistema Fecomércio do RN, em parceria com o jornal Tribuna do
Norte, RG Salamanca, Sistema Fiern e a Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, promoveu na segunda-feira, 28, a 20ª edição do
Seminário Motores do Desenvolvimento. Com o tema central
“Comércio, Serviços e Turismo: os desafios dos pilares da economia
potiguar”, o projeto faz parte de uma série de ações da Fecomércio em
homenagem aos 65 anos da entidade. O evento aconteceu durante todo o
dia, no Hotel Sehrs Natal. Além do presidente do Sistema
Fecomércio, Marcelo Queiroz e dos parceiros do Motores (Amaro Sales,
presidente do Sistema Fiern e Maria de Fátima Freire Ximenes,
vice-reitora da UFRN), a solenidade de abertura foi marcada pela
presença de diversas autoridades, entre elas, o ministro da
Previdência Social, Garibaldi Alves Filho; o presidente da Câmara
Federal, Henrique Alves; e a governadora do estado, Rosalba Ciarlini.
O presidente do Sistema Fecomércio, Marcelo Queiroz, abriu as
atividades do Seminário, com um discurso onde enfatizou a alta carga
tributária imposta aos empresários brasileiros. "Na época da colônia, a
Inconfidência Mineira ocorreu devido à cobrança da
derrama – que era a cobrança de 20% do ouro produzido na Colônia por
parte da Coroa Portuguesa - o chamado Quinto, o que originou a expressão
‘O Quinto dos Infernos’. O que dizer de hoje, quando pagamos quase
‘dois quintos dos infernos’ em tributos?", questionou
Marcelo Queiroz.
Ao falar sobre o caráter especial da edição comemorativa ao
aniversário da Fecomércio, Queiroz destacou a importância do trabalho da
instituição. “São 65 anos de permanente luta em defesa dos interesses
do nosso segmento empresarial. Segmento que se traduz
num vigoroso sustentáculo do setor produtivo do nosso estado,
respondendo por 40% do PIB, acolhendo 46% da mão-de-obra formalmente
empregada e contribuindo com 60% do ICMS arrecadado pelo tesouro
estadual”, disse ele, em seu pronunciamento.
Para o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, “com
discussões como esta, em que os setores público e privado se unem, o Rio
Grande do Norte está encontrando um caminho novo para o planejamento do
seu futuro. O estado não vai se desenvolver em
gabinetes, e sim com sangue, suor e lágrimas do seu povo”, pontuou.
Também falando em desenvolvimento, o presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves, destacou a importância do turismo
como atividade econômica e as vantagens de Natal sediar um evento como a
Copa do Mundo Fifa, principalmente pelo legado que
ele vai deixar para a cidade.
“Com a Copa teremos um resultado a médio e longo prazos. Um dos
exemplos é o Aeroporto Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, que
será o único da América Latina a receber o Airbus A380, maior aeronave
comercial do mundo, em capacidade de passageiros.
Diante de nossas potencialidades, o que devemos é unir público e
privado, debater à exaustão e estabelecer metas a serem alcançadas”.
Em seu discurso, o presidente do Sistema Fiern, Amaro Sales, disse
que os crescimentos da indústria e o do comércio de bens, serviços e
turismo estão atrelados, sendo de grande importância discutir temas que
promovam este desenvolvimento. Encerrando os
pronunciamentos, a governadora Rosalba Ciarlini, também destacou a
união dos setores público e privado, citando os exemplos da construção
do Estádio Arena das Dunas e do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
“Este não é só um terminal de passageiros, como
também um terminal de carga, onde o governo adaptou o projeto para
construção dos acessos, para que estejamos melhor preparados não só para
receber os turistas que vêm para a Copa, mas também para a operação
depois do mundial”.
O evento contou, ainda, com as presenças de membros da diretoria do
Sistema Fecomércio e Sistema Fiern, presidentes de sindicatos filiados à
Fecomércio, imprensa, além de autoridades políticas e empresariais.
PALESTRAS
Abrindo o primeiro bloco técnico de palestras, o ministro-chefe da
Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República,
Guilherme Afif Domingos, falou sobre “Comércio e Serviços como foco de
negócios para as micro e pequenas empresas”. Para
ele, “depois do sonho da casa própria e de viajar, o terceiro maior
desejo do brasileiro é abrir o próprio negócio”. A diferença é que agora
este desejo é movido pela oportunidade que foi gerada com o aumento do
mercado consumidor no Brasil.
“Quando falamos do microempreendedor individual, temos 99% dos
negócios nesta modalidade. E duas grandes dificuldades para os
microempreendedores são a burocracia e a tributação. Estamos trabalhando
fortemente para diminuir a burocracia”, disse o ministro.
Uma destas ações é mudança da Lei Geral da Micro e Pequena Empresas,
que promete simplificar, entre outras coisas, o processo de abertura e
fechamento das empresas e ampliar a base de empresas beneficiadas pela
simplificação tributária. “A maior colaboração
que podemos dar ao micro e pequeno empresário, é deixar de atrapalhar”,
alertou.
Afif destacou ainda a participação dos setores de Comércio,
Serviços e Turismo no PIB brasileiro. Em números, a participação do
setor de Comércio, por exemplo, passou de 11% em 2004, para 12,7% em
2013. Já o de Serviços, passou de 63% para 69,4% no ano
passado. E a participação do setor de Turismo no PIB brasileiro cresceu
de 3,5% em 2004 para 9,2% no ano passado. O ministro destacou ainda as
potencialidades do Rio Grande do Norte, especialmente na área do
turismo, e fez um alerta: “É preciso explorar o
turismo e não explorar o turista”.
Aeroporto
A segunda palestra da manhã foi do CEO do Consórcio Inframérica,
Alysson Barros Paolinelli, que falou sobre “O Novo Aeroporto da Grande
Natal, seus planos e desafios”. O consórcio é responsável pela
construção e operação do aeroporto Aluízio Alves, na
cidade de São Gonçalo do Amarante, cuja inauguração está prevista para o
próximo dia 22 de maio. O Inframérica é responsável pela operação de
mais de 50 aeroportos do mundo, e tem como premissa o uso das
tecnologias de ponta para assegurar a comodidade dos
seus passageiros.
“Uma destas tecnologias é o check-in compartilhado, onde o
passageiro pode usar o balcão de qualquer companhia aérea, e é muito
útil em horários de pico”, afirmou Paolinelli. O aeroporto de São
Gonçalo do Amarante é o primeiro 100% da iniciativa privada
a operar no país, e o primeiro a ter controladores de vôo próprios, que
não são funcionários da Infraero ou da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Com relação à sua estrutura, o terminal possui 40 mil
metros quadrados de área; disponibilizará 550 vagas
de estacionamento; 45 balcões de check-in; 8 escadas rolantes; 22
elevadores; 6 esteiras de restituição de bagagens. “Estes números são
importantes porque determinam a qualidade e eficiência do aeroporto que
deve atender uma média de 6,2 milhão de passageiros”,
disse o CEO.
Uma informação importante passada pelo executivo é que a empresa
tem uma estratégia de crescimento continuo do equipamento, com
investimentos a longo prazo. Além de promover o desenvolvimento da
economia do entorno do aeroporto, é intenção da empresa fortalecer
o Rio Grande do Norte como pólo de turismo e negócios. “Vamos trabalhar
para trazer novas rotas, negociando diretamente com as companhias
aéreas nacionais e internacionais, e mais: vamos lutar por benefícios
fiscais como a redução do imposto do querosene de
aviação de 17% para 12%”, concluiu.
Luíza Trajano
Uma das palestras mais aguardadas do dia, foi a da diretora
superintendente da Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, que abriu as
atividades no turno vespertino. Muito prestigiada pelo público que
acompanhava o Motores do Desenvolvimento, a empresária
falou sobre o “Varejo, um gigante e os seus desafios”. No início de sua
apresentação, Luiza Helena deu alguns detalhes sobre o seu
empreendimento, que foi fundado há 57 anos, possui 744 lojas, oito
centros de distribuição de produtos e 24 mil funcionários,
com previsão de faturar algo em torno de R$ 10 bilhões este ano.
A ML já incorporou 13 outras cadeias varejistas por todo o Brasil
e, em 2011, foi listada na BM&Bovespa. Luiza disse que a seu ver o
desenvolvimento do Brasil passa pelo tripé: crédito, emprego e renda. A
palestrante mostrou números que comprovam o crescimento
do varejo e embasam uma visão otimista para o setor. Para ela, o
segredo do crescimento da rede Magazine Luiza – fundada pelos tios da
empresária, Luiza Trajano e Pelegrino José Donato, em Franca, interior
de São Paulo, é a simplicidade. Até hoje, Luiza Helena
Trajano faz questão de ficar próxima do dia a dia do negócio, mantendo
linhas diretas de contato, uma com os funcionários e outra com os
clientes. Após a apresentação, houve um momento de debate, mediado pelo
presidente das Lojas Riachuelo e do Instituto para
o Desenvolvimento do Varejo, Flávio Rocha. “Luiza Helena Trajano deu
uma nova perspectiva ao varejo ao defender com otimismo o crescimento do
setor. Luiza passou a ser o rosto do copo meio cheio”, afirmou o colega
Flávio Rocha.
Para o presidente das Lojas Riachuelo, Luiza Trajano assumiu esta
relevância institucional após uma entrevista na TV fechada, no início do
ano. Na ocasião, Luiza discordou do apresentador e sugeriu “enviar
dados mais atualizados” sobre o crescimento do
setor. O vídeo acabou se tornando um viral nas redes sociais – e o
varejo nacional ganhou um rosto.
Para Luiza, que já chegou a ser convidada pela Presidência para
assumir a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, logo na sua criação, a
questão não é “ver o copo meio cheio”, mas parar de reclamar e
apresentar soluções para o setor. “É por isso que nós
criamos o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo – o IDV, uma
entidade que reúne cerca de 10 milhões de empresas do segmento no país.
Preferimos nos unir para conversar com o governo e apresentar soluções,
projetos, ideias ao invés de apenas ficar reclamando.
Nós, do varejo, somos os maiores empregadores do Brasil. Nesse setor,
ou você é um apaixonado ou não é. Devemos procurar soluções.”
“Depois que você cresce, fica muito difícil ouvir uma crítica. Todo
mundo só diz aquilo que você quer ouvir. Ser simples é o segredo. E o
nosso desafio é continuar crescendo, mas sem perder o DNA”, concluiu
Trajano.
Turismo
Com a palestra mediada pelo presidente do Sistema Fecomércio RN,
Marcelo Queiroz, o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e
Alimentação e do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Alexandre
Sampaio, encerrou as atividades do dia, com a palestra “Os desafios
para o Setor Turístico Nacional no pós-Copa – como transformar o evento
em negócios futuros”.
Sampaio acredita que "O legado da Copa do Mundo, para os
empresários do turismo, vai ser o de imagem. Se fizermos uma Copa em que
não tenhamos muito problemas, faremos com que os 600 mil turistas
percebam que temos um bom atendimento, bons serviços e queiram
voltar ao Brasil, além de encorajar as pessoas que conhecerão o Brasil
através da televisão”, finaliza.
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