O ano era 1994. O mundo todo acompanhava a
corrida naquele 1º de maio, quando o piloto brasileiro Ayrton Senna
sofreu um acidente no Circuito de Ímola, na Itália, correndo pela
Fórmula 1. Naquele momento, o Brasil perdia um dos maiores ícones do
automobilismo mundial que, aos 34 anos, tinha sido três vezes campeão na
categoria.
Paulistano nascido no bairro de Santana, na zona Norte de São Paulo,
Ayrton Senna da Silva começou a carreira ainda criança, como piloto de
kart. Com apenas 13 anos, conquistou uma vitória na primeira prova
oficial no Kartódromo de Interlagos, que hoje leva seu nome e fica junto
ao Autódromo de Interlagos, administrado pela São Paulo Turismo
(SPTuris, empresa municipal de turismo e eventos).
Para o secretário municipal para Assuntos de Turismo e presidente da
SPTuris, Wilson Poit, o piloto representa muito para o país. "O
kartódromo não poderia ter outro nome. Senna, além de ser um esportista
excepcional, foi um ídolo que marcou e influenciou várias gerações",
conta Poit.
Depois do aprendizado no kartódromo paulistano, Ayrton Senna foi para a
Europa, onde tornou-se campeão em outras categorias. Ele voltou para
correr na pista do circuito oficial do Autódromo de Interlagos somente a
partir da década de 1990, para disputar o Grande Prêmio do Brasil de
Fórmula 1, que voltou para São Paulo naquele ano.
História do piloto se confunde com a história de Interlagos
Senna participou da grande reforma que mudou o traçado da pista de
Interlagos em 1989. Chico Rosa, que atua no Autódromo há mais de 40
anos, lembra como foi o período. "Durante um tempo, entre as décadas de
1970 e o final dos anos 1980, a Fórmula 1 se revezou entre São Paulo e o
Rio. Mas queríamos trazer a categoria definitivamente de volta para cá e
um dos esforços do Bernie [Ecclestone, à época responsável pela área
comercial da F1] foi chamar o Senna para viabilizar essa obra", explica
Chico.
Feita a análise dos projetos, decidiu-se por diminuir a extensão da
pista para 4.325 metros, adequando-se às exigências e padrões da FIA
(Federação Internacional de Automobilismo), entidade que regula a
Fórmula 1. "E o Senna também contribuiu no trecho final da reta
principal com a nova curva, que somente depois foi apelidada de ‘S do
Senna’, também em referência à marca dele que estava sendo criada",
lembra.
Curiosamente, o próprio Chico Rosa já tivera contato direto com Ayrton
Senna quando o ídolo ainda era adolescente e competia no Kartódromo.
"Ele queria ir para o exterior e, como eu tinha acabado de voltar da
experiência com o Emerson [Fittipaldi] na Europa, conversei algumas
vezes com o Senna para contar como era lá fora", relembra o engenheiro,
que deu orientação para aquele garoto que depois se tornaria tricampeão
de Fórmula 1.
Após a morte do piloto em 1994, foi feito o batizado do Kartódromo
Ayrton Senna, como homenagem póstuma a um dos grandes ídolos de
Interlagos. "Até hoje, o local é referência nacional e a escola de
automobilismo para a formação de novos nomes brasileiros de esportes a
motor. E como o espaço tem uma vista privilegiada do circuito principal
do Autódromo, inspira jovens pilotos a sonharem com as corridas mais
desafiadoras na outra pista", conclui Wilson Poit.
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